Medicina Veterinária Especializada em Aves

Quantas vezes já tivemos casos ou conhecimento de casos, de aves ou mesmo planteis inteiros doentes e a morrer, sem termos ou sem sabermos onde nos deslocarmos. Eu pessoalmente tive um problema há uns tempos com um Papagaio Cinzento e só me safei através da Faculdade de Veterinária de Lisboa. Recentemente, um amigo meu, teve um problema num plantel inteiro que lhe matou mais de 100 neophemas, sem conseguir ter uma resposta veterinária adequada e a tempo de colmatar o surto.

Ora, felizmente este panorama está a mudar e começam a aparecer em Portugal Veterinários especializados em aves. Como já repararam, temos aqui no fórum um deles, que também é um dos nossos.

O Márcio Almeida é Médico Veterinário e especialista em Aves, principalmente de Psitacideos claro (como se fizesse diferença ).
Para além disso é especialista em endoscopias, realizando serviços de sexagens ao domicilio a preços bastante competitivos (consultem o Márcio), com a vantagem da endoscopia detectar ainda os casos de esterilidade. Principalmente para quem cria Psitacideos de Grande Porte, penso que isto é indispensável.

Passando a publicidade, penso que é útil para todos terem um contacto especializado, para as situações de emergência e não só, sendo que este tópico ficará aqui como fixo, para o que der e vier.

Aqui ficam os contactos: mcamedjay@hotmail.com TLM:911081438/931165218

Olá.

Em Portugal ainda não se ganhou o hábito de consultar regularmente um veterinário por causa das nossas aves, a única excepção penso ser os columbófilos. Mas é muito importante e vantajoso, posso contar uma pequena história que aconteceu comigo há uns 3 anos.
Um dia as minhas aves começaram a adoecer, começavam por ficar com as penas eriçadas, emagreciam e depois acabavam por morrer, quando via uma ave doente dava-lhe um comprimido zooserine e algumas recuperavam outras nem por isso. E não era algo fulminante, um dia adoecia uma ave, 3 dias depois outra, uma semana depois mais duas ou três e não havia uma sequência, um dia era numa gaiola, no outro era noutra gaiola na outra ponta da casa.
Fiz o que normalmente os criadores fazem, consultar outros criadores mais experientes, indicaram-me uma serie de antibióticos, mas ninguém sabia dizer com certeza do que se tratava.
Mas eu decidi pesquisar e encontrei uma veterinária que tratava de aves em Faro, fui lá e levei uma ave morta, ela fez uma necrópsia e detectou que as aves estavam a morrer com uma forte infecção bacteriana nos intestinos, receitou-me um medicamento que me custou menos de 5 euros e deu para todas as aves e o problema desapareceu. Mais tarde descobri que a origem das infecções bacterianas estava num surto de ratos que passavam por debaixo da porta (problema já resolvido).

Ou seja, apenas gastei o dinheiro da consulta e da necrópsia que até não foi muito (foi menos do que o valor de 3 ou 4 aves que me morressem) e comprei um medicamente especifico para o caso que me resolveu o assunto. Doutra forma iria gastar imenso dinheiro em antibióticos, encher as aves com os mesmos e no fim nem saberia oq ue realmente tinha tido.

Boas.
E bem verdade estes relatos anteriores, agora existem algumas dificuldades em arranjar veterinarios que perçebam de aves e ou que façam esses tipos de analises á mão dos criadôres, e certo que tambem está a começar a falar-se disso e apareçer algumas pessoas a dedicarem-se e a especializar-se neste ramo da Veterinaria animal ligado mais especificamente as aves pequenas, e provavelmente havendo mais oferta, os criadôres ganharam porventura esse habito de consultar especialistas que possam ajudar e que não envolva custos muito avultados e isso, la esta é a lei da oferta/procura, mais uma vez tras a melhoria para ambos os lados, sem clientes não há Veterinário sem veterinario e o habito de ir lá não se cria essa ligação e habito de fazêr analises periodicas, diagnosticos há saude das nossas aves, etc.

Este tópico parece-me de extrema importancia e mais uma vez nisto também se nota que estamos na 2ª divisão da ornitologia europeia. Este é certamente o nosso maior problema e medo, nós não temos grandes conhecimentos de veterinária e geralmente não damos medicamentos, muito menos antibióticos a pássaros que nos pareçam doentes.
À uns tempos atrás nós tinhamos o apoio de um veterinário que fazia análises e visitas regulares aos pássaros nas nossas instalações e isso levou-nos a ter não só melhores resultados mas também a adoptar medidas preventivas de contaminações indiretas.
Actualmente nós estamos à procura de quem faça um trabalho semelhante, ou pelos menos com os mesmos resultados, porque para nós o dinheiro que é dispendido com o trabalho de um veterinário é sempre menor que o dinheiro desperdiçado em pássaros que morrem e nós temos muita dificuldade em lidar com a morte deles.
Quem puder ajudar é sempre benvindo o seu contacto. Quantos mais tiverem esta visão mais facil é de alguem se dedicar a sério à veterinária nas aves e com isso melhorar significativamente os resultados em Portugal.

Eu tenho visto isso, o pessoal ainda não acredita muito em vets.
Eu tenho aconselhado vários clientes a fazerem testes, despistes etc.. Está a ser uma luta difícil.
Mesmo em outras ocasiões em que eu aconselho o que fazer para melhorar isto ou aquilo, seja em alimentação, maneio, estrutural, e outros pormenores em que tenho a certeza a 99,99%, não me deixam transmitir/incutir isso, por mais que explique, não vai, eu acabo por desistir e deixo o cliente levar a sua ideia avante. Há-de chegar a altura que se irão aperceber, penso eu.

Por acaso por aí pra baixo na vossa região ainda não tive oportunidade de trabalhar, tenho andado mais cá em cima pro norte.

Olá,

Eu noto que cada vez mais há uma diferença de "ritmo" entre criadores. Enquanto alguns são cada vez mais sensíveis a que criar aves é uma actividade que envolve aspectos técnicos, alguns continuam a deixar andar e só se lembram disso quando há problemas.
Também é verdade que só recentemente começa a haver possibilidade de recorrer e veterinários especializados como é o caso do Márcio. Mesmo assim poucos têm experiência com aves. A minha área é Produção Animal e este ano decidi começar veterinária até porque já andava a pensar nisso desde que acabei o curso. Não sendo obviamente a mesma coisa sempre tentei aplicar prinicipios da produção no que toca às aves e encontrei muito resistência nos criadores a implementarem simples mudanças minimas. Por outro lado também me vou apercebendo que a formação veterinária na parte das aves é uma coisa que tem que ser um bocado por nossa "conta e risco". As cadeiras específicas são poucas o que na minha opinião levanta dois problemas base. Primeiro a formação em si que não é fácil, sobretudo para quem não tenha ligação ao meio. Segundo a maior parte do pessoal quer clinica e mesmo as novas áreas de exóticos estão muito viradas para animais de estimação. Se pensarmos nisso a nossa actividade é uma actividade de produção mais do que de "estimação".

Márcio eu não acho que seja não acreditar. Acho que ainda não perceberam bem a função de um veterinário. Se na parte dos grandes psitacídeos até se encontra alguma oferta, em aves de pequeno porte, sobretudo, já a coisa é um bocado mais complicada e nota-se que se tentam aplicar os mesmos princípios "teóricos" que são pensados para aves de estimação e não tanto para gestão de efectivos. E este é apenas a opinião de um criador com uns anos disto (por agora reformado...), que até tem alguma formação na área e que espera daqui a uns anos complementar isso com a visão do lado veterinário.

Agora na prática, claramente quem quer levar a coisa a sério tem que confiar muito na sua experiência e formação mas cada vez mais ter apoio técnico especializado pode ser uma grande mais-valia.

Cumps,

Ricardo M.

Boas, é como dizes Ricardo, as universidades ainda estão muito focadas apenas em cães, gatos e vacas, esquecendo o resto, se bem que já vai havendo algumas coisas na área.
Eu no meu caso, apenas comecei neste ramo, para poder tratar dos meus, para não estar dependente dos outros, porque o que eu queria era grandes animais, talvez devido ao contacto próximo que sempre tive na quinta da minha tia.
E acabei por desenvolver mais na área de aves, por verificar que os grandes estavam a "desaparecer" cada vez mais aqui na zona. E então decidi aplicar-me no que gosto mais actualmente, e tive que procurar lá fora (Barcelona e Milão) suportando todos os custos, porque aqui a casuística não é suficiente no curto espaço de tempo que temos disponível.
Eu neste momento estou a fazer doutoramento, a área será obviamente nos psitacídeos de modo a poder aumentar a formação na área, e porque tenho uns projectos interessantes em mente a já algum tempo, que quero pôr em prática.

Olá Márcio,

Pois, já me apercebi disso como tinhamos falado.
De qualquer forma, com trabalho consegue-se. Bem, projectos nunca faltam! Ainda esta semana meti uma proposta de mestrado o que é um bocado estranho para quem supostamente está no primeiro ano... Mas como é uma coisa a médio prazo...

Cumps,

Ricardo M.

Nós da nossa parte estamos muito interessados em recomeçar o trabalho com quem perceba do que nós temos dificuldades. Nós, modestia à parte, até sabemos o que queremos e para onde queremos ir em termos de resultados e de mutações a trabalhar, mas com o investimento que regularmente fazemos não podemos ficar só agarrados à sorte e esperar que fiquem os problemas só para os outros.
Por nós um pássaro que morre é um problema que nos afecta muito e apesar dos custos que isso tem em termos financeiros e de gestão de plantel, o nosso maior problema é mesmo a nossa inaptidão para resolver certas doenças que possam ser resolvidas. Muito pessoal fica sobretudo chateado é mesmo pelo dinheiro que perde e como vê um veterinário como mais uma fonte de gasto, a posição desse pessoal é muito complicada. Geralmente eles só são requisitados para curar os pardais e muitas vezes já lá chegam em situações de tal maneira complicadas que o mais normal é mesmo a sua morte e então os veterinários continuam mal vistos e então a solução é perguntar a uns e estes dizem pra dar uns medicamentos e se não resultar é dar outros e assim até ao seu fim.
Nós temos alguma experiencia com os pássaros que criamos e geralmente quando vemos um Psittacula doente aí já é tarde de mais, os Neophemas esses parecem estar sempre doentes, constantemente a mudar a pena ou ficar com ela a meio e os Red Rumps que são os melhores porque entre ficarem doentes e morrer demora tempo suficiente para os recuperar.
Com esta situação a nossa batalha é conseguir quem se preocupe e analise as nossas aves que é um grande passo para melhorar ainda mais os nossos resultados. A ideia é de aumentar o número de quem requer os cuidados de veterinários de aves para poder assim alguem se dedicar em exclusivo aos psitacideos e restantes aves ornamentais.